O entrevistado da semana é o jovem rio-negrinhense Nicolas Liebl D’Anhaia de 24 anos, que junto com o grupo de dança Kulture Caos de Joinville, vai representar o Brasil no World Hip Hop Dance Championship, competição mundial de dança que acontece nos dias 3 a 10 de agosto, em Phoenix, nos Estados Unidos.
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Nicolas conversou com a equipe do Jornal Perfil e falou sobre sua trajetória dentro da dança, como tudo começou, os grupos, as participações e agora o evento nos Estados Unidos.
PERFIL- Nicolas conte um pouco sobre você.
NICOLAS – Sou Nicolas Liebl D’Anhaia, tenho 24 anos, sou natural de Rio Negrinho, assim como meus pais Alessandro e Jiziane. Quando nasci, morávamos no bairro São Rafael na casa dos meus avós maternos, Marilda e Leomar.
Depois fomos para o bairro Industrial Norte na casa da minha avó paterna a Dona Dacilda Terezinha, enfermeira muito conhecida em Rio Negrinho popularmente conhecida como Tida, mais tarde fomos morar no bairro Serrinha e quando completei quatro anos meus pais se mudaram para a cidade de Jaraguá do Sul.
Mesmo morando fora sempre vou para Rio Negrinho visitar a minha família, meus pais foram embora em busca de emprego e também para dar um futuro melhor para mim e meu irmão Gabriel que já nasceu em Jaraguá em 2006 e atualmente é judoca faixa marrom.
PERFIL- Nicolas conte para nós como conheceu a dança.
NICOLAS – Em 2008, sempre senti muita falta de amigos e familiares que ficaram em Rio Neguinho. Acostumado com o povo humilde e hospitaleiro de lá, ao chegar em uma cidade grande com meus traços pretos em uma cidade majoritariamente alemã sofri muito com bullying dentre outras coisas, e aí onde entra a dança.
Tenho contato com a dança desde o ventre da minha mãe, uma das minhas memórias afetivas mais antigas em relação a dança é minha mãe se apresentado na igreja em Rio Negrinho.
Nós mudamos para Jaraguá quando eu tinha quatro anos. Meus primeiros contatos com hip hop foram através de clipes de música, filmes e livros. Desde pequeno escuto muito Racionais MC’s, Chris Brown, Usher, Ne-Yo, Akon, Pregador Luo entre outros que me influenciaram a aprender um pouco mais sobre a cultura e arriscar os primeiros passos.
Mas como sempre fui de família humilde e nosso início aqui na cidade foi bem precário (passamos por necessidades) meus pais não tinham condições de pagar aulas pra mim. Ainda muito apegado na minha cidade natal por conta dos meus parentes, a dança aparece um dia pra mim na escola Maria Nilda Salain Stähein (2008), me dando grandes motivos para permanecer na cidade.
PERFIL- E como foram os primeiros contatos com aulas de Hip Hop.
NICOLAS – Anos depois (2011), tive a honra de ser observado pelos olhos atentos da Stela Liss, na época professora de Danças Urbanas na Scar, que com uma bolsa de estudos me convidou para se juntar à primeira formação do Studio Liss e em paralelo fazer Jazz na casa da Cultura de Guaramirim.
No mesmo ano tive a oportunidade de conhecer o B.Boy Oseas – K12 amigo da Stela na época que também me apadrinhou e me ensinou meus primeiros Footworks e Toprocks (passos do Breaking Dance) me convidando para participar da primeira formação da Quilombo Funk Crew, B.Boys da praça.
E 2013 foi o ano divisor de águas da minha vida, juntamente com a Quilombo funk Crew e o Liss Studio de Dança participei das minhas primeiras competições, tanto em festivais como em batalhas em Jaraguá do Sul e em várias outras cidades da região.
PERFIL- Como foi a notícia e convocação para o evento fora do país?
NICOLAS – Em 2023 retornei ao hip Hop com força total, porém agora dominando mais um elemento que é o grafite. Ministrando workshops em escolas e fazendo intervenções ao vivo em eventos.
O Festival de Joinville marcou meu retorno para a dança. Pois saí de casa para assistir as batalhas e prestigiar o evento como telespectador, porém voltando pra casa com o Segundo Lugar da Batalha All Style do Maior festival de dança do Mundo. Entroi para o Grupo de Danças Urbanas Scar – através do convite do Coreógrafo Kako Zapelini. Em Janeiro de 2024 fui convocado pelo diretor e coreógrafo do Kulture Kaos Bruno Soares para fazer parte da Seleção Brasileira, rumo ao mundial de Hip Hop em Phoenix no Arizona, Estados Unidos.
O grupo passou por uma seletiva em Santos garantindo vaga para o mundial que esse ano estará acontecendo no Arizona. Vamos estar levando uma coreografia com tempo determinado pela organização do evento tentando pontuar de várias maneiras seguindo o regulamento do evento.
O mundial conta com a participação de 54 países e uma banca com mais de 20 jurados tendo um apenas para captação de erros. O evento acontece do dia 03 a 10 de agosto desde ano de 2024. Vamos participar na categoria Adult Division.
PERFIL- Como estão as expectativas e a ansiedade para o evento?
NICOLAS – A ansiedade bate toda vez que penso que será minha primeira viagem de avião, primeiro da família compondo o elenco da seleção brasileira. Mas toda vez que penso lembro de onde vim, quem eu sou e sinto que estou mais que preparado para colher esse fruto que estou à anos cuidando e cultivando para hoje colher e saborear da melhor forma.
A resposta para anos de suor e dedicação à cultura Hip Hop não só daqui mas da região. Passei por vários lugares competindo, apresentando, fomentando, ensinando, aprendendo. O simples fato de estar indo é uma vitória não só para mim mas para minha família que está há mais de 11 anos correndo comigo, chorando comigo, me incentivando e apoiando.
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