A entrevistada desta semana é Vera Lúcia Zeithammer. Aos 63 anos, ela possui mais de 40 anos de experiência na confecção de bolachas de Natal, diversos doces e salgados. Seu maior orgulho, no entanto, é transmitir todo o seu conhecimento para a neta Laís, a quem ajudou a criar. Morando com a avó, a jovem desenvolveu um gosto pela culinária e segue os passos de Vera na cozinha.
Vera mora no interior da cidade, na localidade da Estância, e é uma trabalhadora incansável. Ela possui um café colonial em casa, onde trabalha ao lado da neta, além de confeccionar produtos que são vendidos na feira da agricultura familiar, que acontece todos os sábados no Mercado Municipal.
VERA – Eu casei com o Miguel e viemos morar no sítio, tínhamos vaca de leite e muitos afazeres, mas eu queria fazer mais. Como não podia trabalhar fora porque tinha as crianças pequenas em casa, resolvi fazer algo em casa para aumentar a renda. Meu marido tinha uma tia que trabalhava em São Bento do Sul, em uma panificadora, e eu resolvi pedir para ela se poderia ir até lá para aprender a fazer as bolachas. Foram cinco dias que fiquei indo para São Bento, e rapidamente peguei o jeito e comecei a fazer as bolachas de melado, como chamamos as famosas bolachas de natal. Mais tarde fui buscando outras receitas com pessoas mais antigas e comecei a fazer bolachas de outros sabores. Depois das bolachas pensei em fazer algo a mais, então veio a ideia do suco e das compotas de uva. As compotas ainda são feitas e também uso para meu café. Hoje fazemos muito mais coisas que imaginávamos, estamos na feira da agricultura todos os sábados, e lá levamos uma diversidade de produtos, como as bolachas, suco, compotas, queijo, pirogue e até lasanhas. Todos os produtos feitos aqui em nossa cozinha, o queijo do leite das nossas vacas, os doces com frutas frescas e as bolachas feitas com amor e carinho.
VERA – Com o passar dos anos, nossa família sempre trabalhou muito, e onde antes tínhamos uma estufa de fumo, hoje é nosso café colonial. E com isso resolvemos fazer mais produtos para ir para a feira, são muitos anos lá, e todos os sábado agora a Laís está lá vendendo nossos produtos. Como eu tenho muita coisa para fazer em casa, porque morar no interior dá muito trabalho sempre, como temos as vacas, galinhas e sempre tem os doces e salgados para fazer, minha neta desde os 14 anos me ajuda e agora ela é responsável pela feira. A Laís sempre mostrou interesse pela culinária, e como ela mora comigo deixava ela me ajudar na cozinha em tudo. Todos os sábados ela e meu marido carregavam o carro com todos os produtos e levam para a feira. E assim é feito até hoje, a feira é responsabilidade dela. Ela é uma menina simpática e respeita todas as pessoas, e eu fico feliz por seu entusiasmo em estar na feira.
VERA – Nosso amor começa desde o nascimento da Laís, ela é a primeira neta, e muito pequena foi morar com a gente, após a separação dos pais. Nosso carinho é tanto que cada vez mais a Laís se tornou uma amiga confidente e com isso mostrou todo seu empenho em fazer as bolachas. Quando ela tinha cinco anos, ela me ajudava e já gostava de estar junto comigo na cozinha fazendo as coisas. Eu lembro que quando eu ia ver o forno, lá tinha coisas que ela fazia, isso me deixa feliz porque ela gosta da cozinha. A Laís é formada e já deu aula. Agora que ela está em casa, voltamos a fazer as coisas juntas, nossa ligação é muito forte, quando ela saiu de casa para trabalhar como professora, eu chorava muito, parecia que ela tinha ido embora e não voltaria mais. E hoje vendo ela seguir meus passos isso me dá muito orgulho. Nossa ligação é tão forte que passamos mais de 15 horas confeccionando os quitutes que levamos para a feira.