O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou esta semana a antecipação do Natal para o dia 1º de outubro, argumentando que se trata de uma “homenagem ao povo combativo” de seu país, pouco mais de um mês depois das polêmicas eleições presidenciais que desencadearam denúncias de fraude, manifestações e repressão policial em todo o país.
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Mas longe de ser um fato inédito, o anúncio é uma determinação que se repete desde que o líder chavista se tornou presidente em 2013.
A primeira mudança aconteceu já no primeiro ano de governo. No início de novembro de 2013, Maduro antecipou o feriado natalino para tentar levantar o ânimo da população após a morte do ex-presidente Hugo Chávez, ocorrida oito meses antes.
“Vamos antecipar o Natal para que as pessoas possam aproveitar esse momento de paz e amor, e esquecer um pouco das dificuldades”, disse na época.
Em 2020, Maduro adiantou o Natal para 15 de outubro com o objetivo de desviar a atenção dos venezuelanos dos problemas causados pela pandemia de Covid-19 no país. Ele repetiu a mesma estratégia em 2021 e agora em 2024.
“É setembro e já cheira a Natal, e por isso este ano, em homenagem ao povo combativo, em agradecimento a vocês, vou decretar o Natal para o dia 1º de outubro; chegou o Natal com paz, felicidade e segurança “, disse o mandatário, na segunda-feira, durante uma transmissão do canal oficialista Globo Visión e diante dos espectadores que o aplaudiam.
O movimento foi visto como uma distração para o momento de pressão internacional por conta do contestado resultado da eleição presidencial venezuelana de 28 de julho, quando o chavista foi declarado vitorioso pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para um terceiro mandato de seis anos, mas sem apresentar provas.
O anúncio também aconteceu horas depois de a Justiça aceitar um pedido do Ministério Público e expedir uma ordem de prisão contra o candidato opositor Edmundo González Urrutia, depois de ele ignorar três intimações para depor.
Maduro adiantou o feriado natalino em praticamente todos os anos do seu governo, embora nem sempre na mesma data: em 2015, foi antecipado para 30 de outubro; em 2016, para 28 de outubro; em 2017, para 31 de outubro; em 2018, para 29 de outubro; em 2019, para 31 de outubro; em 202, para 29 de outubro; em 2021, para 27 de outubro; em 2022, para 30 de outubro; e em 2023, para 1º de setembro.
Em 2020, em plena quarentena da Covid-19, o líder chavista destacou que “em tempos de pandemia, o Natal chega mais cedo para encher a família venezuelana de esperança e união”. Porém, em 2023 e sem ameaças do coronavírus, repetiu quase as mesmas palavras:
“O Natal chega mais cedo para que o povo encontre alegria e otimismo no meio das dificuldades”.
Nas semanas que antecedem as festas de fim de ano, o governo chavista costuma intensificar a distribuição de ajudas e sacolas de mantimentos nos bairros, incluindo pernis ou presuntos, que durante os piores anos da crise econômica se tornaram o produto mais esperado das cestas dos chamados Comitês Locais de Abastecimento e Produção (Clap).
Logo depois do Natal, em 10 de janeiro, Maduro deverá tomar posse para o seu terceiro mandato. A oposição, liderada por María Corina Machado e Edmundo González Urrutia, no entanto, rejeita categoricamente os números oficiais e desmente-os com a publicação de cópias das atas compiladas pelas suas testemunhas ou observadores de mesa.
Apesar da perseguição política e judicial, a aliança antichavista promete manter a pressão e confia que, a partir de janeiro, os principais órgãos da comunidade internacional não reconhecerão o novo mandato de Maduro.
Com informações do O Globo
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