Santa Catarina tem 16 cidades vivendo em situação de seca com estiagem em corpos d’água de seis rios devido às chuvas mal distribuídas e o calor intenso registrados entre janeiro e março de 2025. A situação afeta as lavouras de soja, milho e a segunda safra do feijão, que estão em andamento no Estado.
A informação foi divulgada pela Epagri/Ciram, órgão que monitora o tempo em Santa Catarina, na última sexta-feira (28). A maioria das cidades em situação de seca no Estado (veja a lista abaixo) estão localizadas na região Oeste e Meio-Oeste.
Ainda conforme o órgão, caso a estiagem persista, há chance de redução na produtividade dos alimentos. Segundo a meteorologia da Epagri/Ciram, as massas de ar quente durante o verão de 2025 foram persistentes e intensas, provocando ondas de calor no Sul do Brasil.
Em Santa Catarina, o ar quente impediu a chegada de das frentes frias, que neste verão se deslocaram mais para o sul, atingindo o Uruguai e o Rio Grande do Sul. “A maior parte da chuva ocorreu em forma de pancadas isoladas no final da tarde e à noite, características típicas da estação. A distribuição da precipitação foi desigual, com a escassez mais acentuada especialmente do Extremo Oeste ao Meio-Oeste”, explica a meteorologista Marilene de Lima.
Em relação ao nível dos rios, a Epagri/Ciram aponta estiagem nos corpos d’água de Guaraciaba, Mondaí, Saudades, Tangará, Concórdia e Santo Amaro da Imperatriz. A situação é mais grave nos rios de Guaraciaba, Tangará e Concórdia.
“Esse fenômeno hidrológico se agrava devido às altas temperaturas nessas regiões. As altas temperaturas aumentam a evaporação da água no solo e a transpiração das plantas”, explica o pesquisador em hidrologia da Epagri/Ciram, Guilherme Xavier de Miranda Junior.
Segundo o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Cepa), a falta de chuvas não afetou a safra de verão, como é o caso do milho e da primeira safra de soja, que está em fase de colheita. No entanto, lavouras como a segunda safra da soja, o milho e a segunda safra do feijão são afetadas, com uma possível redução na produtividade caso a estiagem persista.
Devido à falta de chuva, a produtividade estimada deverá cair significativamente, bem abaixo dos 1,8 mil kg/ha esperados antes do agravamento da estiagem. Para 86% da área plantada, as lavouras são consideradas boas, 7% médias e 7% ruins.
Em Concórdia, segundo a Epagri, muitas lavouras foram perdidas devido ao excesso de calor e à falta de umidade. Já em Chapecó e São Miguel do Oeste, as lavouras em fase de desenvolvimento e florescimento estão sofrendo com estresse hídrico, e estima-se queda na produtividade.
Em todo Estado, cerca de 62% da área plantada com milho está em desenvolvimento vegetativo e as condições das lavouras estão ficando piores na medida em que a estiagem avança. Até o final da primeira quinzena de março, em 71% da área plantada, as lavouras são consideradas boas, 21% médias e 8% ruins.Soja
Na microrregião de Chapecó, em função da estiagem, a produtividade estimada está em torno de 2,7 mil kg/ha. Até o momento, em 86% da área plantada, as lavouras são consideradas boas, 9% médias e 5% ruins.
Na pecuária, a falta de água afeta as pastagens que, somado ao estresse térmico dos animais, pode prejudicar a produção e a reprodução tanto de bovinos leiteiros quanto de corte. Segundo a Epagri/Ciram, a situação pode elevar os custos de produção devido à necessidade de uma maior suplementação com silagem e concentrados
Abril deve chover pouco no Oeste Catarinense
De acordo com a Epagri/Ciram, em abril de 2025, a precipitação no Oeste Catarinense deve ficar abaixo da média histórica, com períodos de chuva alternando com dias mais secos.
Nas demais regiões do estado, a chuva se mantém próxima da média, com registros pontuais acima da média no litoral. Para os meses de maio e junho, a previsão indica chuvas dentro da média em todo o estado.