A Região Metropolitana de Florianópolis reúne hoje cerca de 1,3 milhão de habitantes, espalhados entre a capital e mais de dez municípios conurbados. Legalmente constituída desde 1998, já funciona de fato como uma grande cidade, mas ainda não se enxerga como tal. São José, Palhoça, Biguaçu e outras cidades se fundem com a capital, compartilham serviços, sofrem com os mesmos problemas, mas não têm planejamento integrado. O crescimento urbano avança sem coordenação, e a falta de governança metropolitana dificulta alinhar os vetores de crescimento.
Em outras regiões do Brasil, a história foi diferente. Curitiba estruturou cedo sua região metropolitana e tornou-se referência em transporte coletivo. Campinas consolidou-se como polo logístico e tecnológico. Recife e Porto Alegre captaram recursos nacionais e internacionais para metrôs, saneamento e habitação. Todas souberam articular governança e financiamento. Florianópolis, apesar de formalmente constituída, não seguiu esse caminho.
Aqui, os efeitos da ausência de integração podem ser mitigados pelas práticas de uma Região Metropolitana efetiva: congestionamentos crônicos, serviços de saúde e educação sobrecarregados e desigualdades crescentes. O mercado imobiliário avançou rápido, mas sem plano comum de mobilidade, saneamento ou uso do solo. Faltam também planejamento habitacional integrado, soluções logísticas e sistemas adequados de tratamento de resíduos, que são urgentes diante do alto ritmo de crescimento da região.
O diferencial é que a marca Florianópolis é forte, reconhecida nacional e internacionalmente, e pode ser tratada como patrimônio coletivo. Sinônimo de turismo e qualidade de vida, a marca pode ir além: a capital já é polo de softwares, e a região poderá ser polo de hardwares e data centers, com tecnologia aplicada a novos setores. O turismo pode irradiar benefícios a toda a região: praias em Governador Celso Ramos, logística em Palhoça, indústria em São José, ecoturismo em Santo Amaro, história em São Pedro de Alcântara e a própria capital como vitrine global. Some-se a isso o potencial da economia do mar, no entorno das duas baías, da náutica e da ligação com as áreas rurais e a Serra Catarinense, compondo um mosaico raro de oportunidades.
Usada em escala metropolitana, essa marca amplia conquistas, atrai investimentos e multiplica empregos. Mas, para isso, é preciso governança efetiva, planejamento habitacional, logístico, ambiental e captação de recursos, visão estética e de marketing e comunicação.
A Grande Florianópolis já é, de fato e de direito, uma metrópole. O desafio agora é transformar sua marca em projeto coletivo, capaz de unir turismo, tecnologia, economia do mar, infraestrutura e sustentabilidade, consolidando a região como exemplo nacional de competitividade. A generosidade de um planejamento integrado com qualidade mundial, aliado à marca Florianópolis, dará retorno a todos. A efetivação da Região Metropolitana de Florianópolis é o caminho político e institucional correto.