Vida ativa: a nova tendência do século XXI Wellness, experiências e a revolução dos estilos de vida no turismo e no real estate, por Vinícius Lummertz

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O século XXI começa a ser definido não apenas por novas tecnologias, mas por novos modos de viver. A geração que redesenha o mundo do trabalho, do consumo e das cidades não deseja simplesmente possuir coisas, e sim experimentar a vida. Dentro desse novo espírito surge um conceito capaz de unificar tendências aparentemente distintas: a vida ativa. A vida ativa não é apenas o corpo em movimento; é o espírito em ação, a energia da curiosidade, da saúde, da criação e da convivência. É o desejo de se manter mental e fisicamente desperto, em qualquer fase da vida. E esse conceito filosófico de sentido de vida que está se tornando um motor econômico global, capaz de reorientar a hotelaria, o turismo, o real estate e até mesmo a forma como planejamos nossas cidades.

No Brasil, cinco grandes forças se entrelaçam sob esse guarda-chuva: wellness, things to do, multipropriedade, mercado qualificado e o novo e decisivo vetor de retorno à natureza. Juntas, elas estão criando um ecossistema que mistura moradia, hospitalidade, saúde, cultura e sustentabilidade. O país começa a descobrir que a verdadeira vantagem competitiva do século XXI está na qualidade da experiência humana e na potência natural que o cerca.

O conceito de wellness, o bem-estar integral, deixou de ser um nicho de luxo e tornou-se um pilar do desenvolvimento urbano e turístico. Ele abrange a qualidade do ar e da luz, a alimentação saudável, o design biofílico, o sono reparador, a saúde mental, o tempo na natureza e a integração entre corpo e mente. O Global Wellness Institute estima que a economia global do bem-estar movimente US$ 6,3 trilhões, com projeção de US$ 9 trilhões até 2028. O segmento de wellness real estate, que cria empreendimentos concebidos desde a origem para promover saúde e longevidade, já ultrapassa US$ 580 bilhões e deve dobrar nesta década. Nos Estados Unidos, essa revolução se expressa em projetos como o Canyon Ranch, no Arizona e em Massachusetts, onde cada detalhe do ambiente, da iluminação à dieta, foi pensado para promover vitalidade. Em Portugal, o Six Senses Douro Valley uniu vinhedos, florestas e terapias de bem-estar, transformando o turismo de luxo em experiência regenerativa. Na Ásia, o Japão e a Coreia integram termalismo, cultura alimentar e natureza em seus resorts de wellness aging. No Brasil, essa mentalidade começa a se espalhar. De Santa Catarina ao interior de São Paulo, surgem projetos que integram saúde preventiva, performance, descanso e natureza. A nova geração de empreendimentos turísticos não vende hospedagem,  oferece programas de vitalidade. A vida ativa começa pelo cuidado com o corpo e com a mente.

Durante décadas, o turismo e o lazer foram marcados pela ideia do descanso passivo, “não fazer nada”. Hoje, o que se busca é ter o que fazer, e melhor ainda, fazer junto. O luxo moderno está na multiplicidade de experiências: correr, nadar, surfar, cozinhar, meditar, aprender um instrumento, dançar ou simplesmente caminhar em grupo. O things to do representa o segundo pilar da vida ativa. É a transformação dos empreendimentos, hotéis, resorts, condomínios e clubes, em plataformas de experiências multigeracionais. No Brasil, os exemplos se multiplicam. O Boa Vista Village, em Porto Feliz, estruturou-se em torno de uma piscina de ondas combinando esportes, gastronomia e convivência. O Beyond the Club, em São Paulo, oferece mais de cinquenta modalidades esportivas, praia artificial, academias de alto desempenho e centro de bem-estar. O Grama Condomínio Resort, no interior paulista, uniu natureza e esporte em um modelo de vida ativa compartilhada. O projeto esportivo de Neymar, em Itapema (SC), incorpora o conceito de turismo poliesportivo com foco em saúde, convivência e alto rendimento. O Faena São Paulo, inspirado nos empreendimentos de Miami e Buenos Aires, traduz o conceito de urban resort: viver, trabalhar e se divertir num mesmo espaço de cultura e hospitalidade. Esses projetos simbolizam o novo desejo contemporâneo de transformar o lazer em propósito. A geração que hoje ascende ao consumo de alto padrão quer ocupar o tempo com sentido. A vida ativa é o antídoto para a passividade e para o tédio moderno.

A terceira macrotendência é a multipropriedade, que democratiza o acesso a esse novo padrão de bem-estar. É um sistema de cotas que permite a diferentes famílias compartilharem a posse e o uso de um mesmo empreendimento turístico ou residencial. Segundo a ADIT Brasil, o setor já movimenta R$ 92,7 bilhões em Valor Geral de Vendas, com mais de 200 empreendimentos ativos. A multipropriedade se tornou o motor financeiro da expansão da vida ativa, uma forma de investimento mais acessível que o luxo tradicional, mas, cada vez mais guiada pelos mesmos valores: natureza, saúde, esportes e convivência. Os projetos mais modernos vão muito além da venda de semanas fixas: oferecem academias de performance, trilhas, esportes aquáticos e programação contínua para famílias e grupos. Além disso, surgem condomínios para a terceira idade ativa, como os de Curitiba, que unem medicina preventiva, lazer e socialização. O envelhecimento saudável é também parte do ecossistema da vida ativa, onde longevidade e convivência caminham juntas.

A quarta tendência é o mercado qualificado, formado por consumidores que valorizam autenticidade, propósito e experiências significativas. Essa nova elite não busca ostentar: quer pertencer. Quer viver com saúde, estética e equilíbrio. Empreendimentos como o Boa Vista Village, o Grama Resort, o Beyond the Club e o Faena São Paulo traduzem esse comportamento: são lugares que unem arquitetura, arte, esporte e natureza — espaços para viver e não apenas para possuir. A vida ativa é um elo entre esses mundos: o wellness é o conteúdo, o things to do é a forma, a multipropriedade é o modelo de acesso e o mercado qualificado é o vetor cultural e econômico que sustenta tudo isso.

E há, acima de todas elas, uma quinta macrotendência, que atravessa e unifica as demais: o retorno à natureza. Depois de séculos de urbanização acelerada, o ser humano começa a compreender que o verdadeiro luxo do futuro está em viver perto da paisagem, das águas, das montanhas e das florestas. O Brasil, com sua biodiversidade e sua abundância de áreas preservadas, é um território privilegiado para essa confluência. O novo ciclo de empreendimentos deverá nascer nas bordas da natureza, próximos a áreas de preservação permanente, parques naturais, praias, rios e montanhas, aproveitando a energia simbólica e vital que emana desses lugares. O que antes era visto como limitação ambiental torna-se agora ativo estratégico. O contato com a natureza passou de restrição a diferencial competitivo.

Essa tendência não é romântica nem superficial. Ela é econômica. O turismo de natureza e o real estate sustentável crescem acima da média global, impulsionados por um público que busca silêncio, contemplação e reconexão. Os projetos que integram lazer, esporte, saúde e sustentabilidade, respeitando e regenerando os ecossistemas, serão a nova fronteira da prosperidade brasileira. É a vida ativa em sua plenitude: corpo em movimento, mente em harmonia e alma em contato com o natural.

E mesmo quando essa vida ativa se expressa no silêncio e na contemplação, ela continua sendo uma forma de fazer. O descanso também é movimento interior. O silêncio de um concerto em Ravello, na Itália, ou de uma apresentação de Wagner em Bayreuth, na Alemanha, é o espaço onde o espírito se move. Festivais de música clássica, jazz, arte e natureza, como Ravello, Montreux ou Salzburg, são exemplos de experiências serenas, mas ativas, que unem cultura, paisagem e alma. A China segue este caminho o ano inteiro, e neste mês o grande Festival de Tai Chi em Wuhan.  Até o silêncio pode ser uma coisa a fazer: escutar, sentir, contemplar. O luxo do século XXI não está mais na posse, mas na experiência; não na exclusividade, mas na participação; não apenas na agitação, mas também na serenidade ativa.

A vida ativa, em todas as suas formas, física, mental, emocional e natural, é o novo idioma do bem-viver e regenerar. E o Brasil, com sua geografia generosa, tanta natureza, e sua cultura de hospitalidade, afeto e alegria, tem tudo para ser um dos seus maiores polos mundiais.

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