Uma importante exposição vai agraciar a cidade de Rio Negrinho nos próximos dias. O anúncio foi feito pelo vereador Daniel Gonçalves, coordenador da Escola do Legislativo Profª Vera Lindner Grimm, que confirmou a realização da mostra “Antonieta de Barros: a voz pioneira que rompeu barreiras na política e na educação”.
De 3 a 5 de dezembro, a Câmara de Vereadores será palco da exposição que homenageia a trajetória de Antonieta de Barros — professora, jornalista, escritora e a primeira deputada negra do Brasil. A iniciativa busca resgatar a história dessa mulher singular, que dedicou sua vida à educação, à igualdade racial e à luta por direitos civis.
Organizada pela Escola do Legislativo de Rio Negrinho, a mostra convidará o público a conhecer mais profundamente a trajetória de Antonieta: sua infância marcada por desafios, sua militância como educadora, sua atuação no jornalismo e seu pioneirismo político. A exposição também incentiva a reflexão sobre desigualdades históricas, destacando conquistas sociais e os avanços que ainda precisam ser alcançados.
Nascida em 11 de julho de 1901, em Florianópolis (então Desterro), Antonieta era filha de Catarina, mulher negra que havia sido escravizada, e de Rodolfo de Barros. Após perder o pai ainda criança, foi criada pela mãe, que trabalhava como lavadeira.
Mesmo diante das limitações sociais e econômicas, Antonieta destacou-se desde cedo nos estudos: alfabetizou-se aos 5 anos, concluiu o ensino primário na Escola Lauro Müller e, aos 17, ingressou na Escola Normal Catarinense, preparando-se para a carreira docente.
Aos 21 anos, Antonieta fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, dedicado à alfabetização de adultos e pessoas em situação de vulnerabilidade. Seu compromisso com o ensino acompanhou toda sua vida.
Paralelamente, também deixou sua marca no jornalismo: criou e dirigiu o jornal A Semana entre 1922 e 1927, onde escrevia sobre política, educação, questões raciais e direitos das mulheres. Como escritora, publicou “Farrapos de Ideias” em 1937, sob o pseudônimo Maria da Ilha.
Em 1934, ano em que mulheres puderam votar e ser votadas pela primeira vez no Brasil, Antonieta se candidatou pelo Partido Liberal Catarinense. Foi suplente eleita e assumiu em 1935, tornando-se a primeira deputada estadual negra do Brasil.
Durante o mandato, teve papel decisivo na elaboração da Constituição Estadual de 1935, especialmente nos capítulos de Educação, Cultura e Funcionalismo. Em 19 de julho de 1937, marcou outro feito histórico: foi a primeira mulher a presidir uma sessão de assembleia legislativa no país.
Após o fechamento do parlamento no Estado Novo, retornou à política em 1948, assumindo novamente como deputada até 1951.
Entre suas contribuições mais emblemáticas está a autoria da Lei nº 145, que instituiu o Dia do Professor em Santa Catarina, celebrado em 15 de outubro. A data foi posteriormente adotada em todo o Brasil, em 1963.
Seu legado segue vivo: a Assembleia Legislativa instituiu o Programa Antonieta de Barros (PAB), que promove inclusão social por meio de estágios para jovens vulneráveis. Em 2023, Antonieta foi reconhecida como Heroína da Pátria, com seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
Resgatar a trajetória de Antonieta de Barros é reconhecer:
A exposição na Câmara de Rio Negrinho será uma oportunidade única de conhecer e valorizar a história de uma das figuras mais importantes da educação e da política brasileira — uma mulher que mudou caminhos e inspirou gerações.
