A Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, por meio da Escola do Legislativo Profª Vera Lindner Grimm, promove a partir de hoje (5), às 17h15, na sede do Legislativo, a abertura oficial da exposição “Antonieta de Barros”, que segue aberta para visitação até o dia 5 de dezembro. A mostra homenageia a vida e o legado da primeira deputada negra do Brasil, uma mulher que enfrentou barreiras de gênero, raça e classe social para deixar marcas profundas na educação e na política catarinense e nacional.
Organizada pela Escola do Legislativo de Rio Negrinho, a exposição apresenta ao público um mergulho na trajetória de Antonieta de Barros: sua infância humilde, sua formação, sua militância pela educação, seu trabalho no jornalismo e sua atuação política pioneira. É um convite à reflexão sobre desigualdades históricas e sobre os desafios ainda presentes na luta por igualdade racial, acesso à educação e representação política.
Nascida em 11 de julho de 1901, em Florianópolis, Antonieta era filha de Catarina — uma mulher negra que havia sido escravizada — e de Rodolfo de Barros. Aos poucos anos de vida perdeu o pai e foi criada pela mãe, que trabalhava como lavadeira para sustentar a família.
Seu talento e dedicação aos estudos se mostraram cedo: alfabetizou-se aos 5 anos, concluiu o ensino primário na Escola Lauro Müller e, aos 17, ingressou na Escola Normal Catarinense, onde se preparou para ser professora.
Em 1922, aos 21 anos, Antonieta fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado à alfabetização de adultos e pessoas em situação de vulnerabilidade. A educação sempre foi o centro de sua atuação: lecionou por toda a vida, defendendo que ensinar era o caminho mais eficaz para promover justiça social.
Paralelamente, destacou-se no jornalismo. Criou e dirigiu o jornal A Semana entre 1922 e 1927, escrevendo sobre educação, políticas sociais, igualdade racial e direitos das mulheres. Dirigiu ainda a revista Vida Ilhoa e, sob o pseudônimo Maria da Ilha, publicou Farrapos de Ideias (1937).
A estreia de Antonieta na política aconteceu em um momento importante: as eleições de 1934, as primeiras em que mulheres podiam votar e se candidatar.
Ela concorreu pelo Partido Liberal Catarinense e assumiu o mandato como deputada estadual em 1935, tornando-se a primeira mulher negra eleita deputada no Brasil. Na Assembleia, participou da elaboração da Constituição Estadual de 1935 e relatou capítulos essenciais, como Educação, Cultura e Funcionalismo.
Em 19 de julho de 1937, fez história novamente ao se tornar a primeira mulher a presidir uma sessão de assembleia legislativa no país. Seu mandato, no entanto, foi interrompido com o Estado Novo.
Com a redemocratização, retornou à vida pública e assumiu como suplente pelo PSD entre 1948 e 1951.
Entre suas atuações mais emblemáticas, destaca-se a autoria da Lei nº 145/1948, que instituiu o Dia do Professor em Santa Catarina, data que mais tarde seria adotada em nível nacional.
Seu trabalho segue repercutindo até hoje. A Assembleia Legislativa de Santa Catarina mantém o Programa Antonieta de Barros (PAB), voltado à inclusão social de jovens vulneráveis. Em 2023, seu nome foi incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, solidificando seu papel na história brasileira.
A exposição busca reacender a memória de uma figura essencial para compreender o Brasil contemporâneo. Sua trajetória inspira por diversos motivos:
A mostra está aberta ao público na sede da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho. A entrada é gratuita e toda a comunidade está convidada a prestigiar.