A convocação para uma paralisação nacional dos caminhoneiros, prevista para esta quinta-feira (4/12), ganhou novos capítulos após divergências entre importantes lideranças da categoria. O movimento foi oficialmente protocolado no Palácio do Planalto nesta terça-feira (2/12) pelo representante da União Brasileira dos Caminhoneiros (UBC), Chicão Caminhoneiro, que entregou o documento acompanhado do desembargador aposentado Sebastião Coelho.
Segundo Chicão, a proposta do ato foi construída “a várias mãos”, sem caráter partidário, e a mobilização pretende ocorrer dentro da legalidade, sem impedir o direito de ir e vir da população. Sebastião Coelho, por sua vez, afirmou que dará suporte jurídico ao movimento e vem orientando apoiadores em suas redes sociais sobre como aderir de forma organizada. O ex-magistrado é próximo de Jair Bolsonaro e já incentivou manifestações em apoio ao ex-presidente, atualmente custodiado na sede da Polícia Federal.
Enquanto Chicão e Coelho reforçam a mobilização, o deputado federal Zé Trovão reacendeu o debate nacional ao publicar um vídeo declarando que não apoia a paralisação. Em pronunciamento incisivo, o parlamentar afirmou que tem recebido “vídeos e mensagens de caminhoneiros de todo o Brasil criticando a paralisação” e acusou parte dos organizadores de tentar usar o ato como trampolim político.
Zé Trovão comparou o cenário atual com o de 2021, quando ele mesmo convocou uma paralisação nacional, mas afirmou que, desta vez, “não vê verdade ou propósito claro” na mobilização. Ele também destacou que um movimento dessa magnitude agora poderia prejudicar o ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando que o próprio Bolsonaro teria orientado aliados a evitar qualquer ato que possa agravar sua situação jurídica.
O parlamentar, que diz seguir integralmente as orientações da família do ex-presidente, defendeu que o foco principal deveria ser a aprovação da anistia no Congresso. Em sua fala, Zé Trovão ainda voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, defendendo seu impeachment, e afirmou que o Brasil vive “uma das maiores aberrações de todos os tempos”. Ele também acusou articuladores da paralisação de tentarem “ganhar visibilidade para possíveis candidaturas”.
Apesar das fortes críticas, Zé Trovão admitiu que a paralisação pode acontecer e até mobilizar parte dos caminhoneiros, mas declarou que não apoiará qualquer movimento que não apresente “pautas reais e urgentes para a categoria”.
Com a entrega oficial do documento no Planalto, o movimento ganha respaldo formal entre alguns líderes, mas enfrenta um racha público que pode afetar sua força. Enquanto Chico Caminhoneiro e Sebastião Coelho impulsionam a mobilização, Zé Trovão — uma das figuras mais influentes entre caminhoneiros — retira seu apoio e coloca dúvidas sobre a adesão nacional.
A paralisação está mantida para o dia 4 de dezembro, mas seu alcance ainda depende da articulação entre lideranças regionais e da repercussão das divergências que marcaram a semana.
