Santa Catarina apresenta elevação no índice populacional de cigarrinhas-do-milho, com média estadual de 25 animais por armadilha.
Atualmente, a maioria das lavouras do estado se encontra em final do ciclo reprodutivo, quase pronta para a colheita. Este crescimento, segundo a pesquisadora da Epagri/Cepaf Maria Cristina Canale, responsável pelo Programa Monitora Milho SC, se deve, principalmente, à dificuldade de manejo durante as fases reprodutiva e de enchimento de grãos.
Ela tranquiliza os agricultores ao afirmar que “a infecção nesse estágio não representa riscos à produção porque os patógenos, tanto dos enfezamentos como das viroses, têm menos tempo de contato com a planta para causarem danos severos”. As regiões Oeste e Extremo-Oeste seguem apresentando recorrência dos patógenos causadores dos enfezamentos e viroses.
Maria Cristina salienta que há um crescimento exponencial na presença de cigarrinhas-do-milho nas 55 lavouras monitoradas. No último levantamento, o aumento foi de 108%, quando comparado com o levantamento de duas semanas atrás. Ela observa que “os insetos que estão nas lavouras maduras tendem a migrar para os plantios mais novos. Por esse motivo, é recomendado que as máquinas sejam bem reguladas durante a colheita para evitar a perda de grãos que dão origem ao milho voluntário, que serve de abrigo e alimento para as cigarrinhas”, diz.
Além disso, a pesquisadora orienta que os produtores evitem realizar novos plantios próximos às lavouras já maduras e adotem o manejo na fase vegetativa com inseticidas de contato e sistêmicos, complementados por produtos biológicos sempre que possível, para conter a migração dos insetos.
O programa Monitora Milho SC coleta e divulga semanalmente informações levantadas em 55 lavouras distribuídas em todo o Estado de Santa Catarina, permitindo que o setor produtivo acompanhe a evolução da população de cigarrinhas e as infecções causadas por esses insetos.
O ataque de cigarrinhas infectadas com os patógenos dos enfezamentos pode comprometer substancialmente a produção de lavouras de milho. Para acompanhar a situação, foi criado no começo de 2021 o programa Monitora Milho SC, uma iniciativa do Comitê de Ação contra Cigarrinha-do-milho e Patógenos Associados, composto pela Epagri, Udesc, Cidasc, Ocesc, Fetaesc, Faesc, CropLife Brasil e Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária. O Programa Monitora Milho SC se destaca como uma das principais iniciativas científicas da Epagri, conquistado reconhecimento em diversos eventos nacionais e internacionais. Sua metodologia tem servido de referência para ações similares em outros estados brasileiros e até para o exterior.
A pesquisadora Maria Cristina Canale, do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar da Epagri (Cepaf), explica que as informações geradas pelo monitoramento são fundamentais para a convivência da agricultura com a cigarrinha e as doenças transmitidas por ela.
“Embora os enfezamentos já sejam conhecidos no país há algumas décadas, nós observamos que os surtos ocasionados por esses problemas têm sido bastante frequentes em todas as regiões produtoras do Brasil. Então é necessária a convivência do setor produtivo com o problema a partir de agora, inclusive aqui em Santa Catarina, com a participação ativa de todos os produtores envolvidos com a produção de milho, no manejo integrado regionalizado”, ressalta.