O ex-prefeito de Rio Negrinho, Júlio César Ronconi, tornou-se réu nesta quinta-feira (18) em uma das ações da Operação Mensageiro. A decisão foi tomada pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que recebeu a denúncia apresentada pelo Ministério Público e rejeitou os argumentos da defesa.De acordo com a acusação, Ronconi teria recebido cerca de R$ 810 mil em propinas durante o exercício do mandato e mais de R$ 650 mil após deixar o cargo, totalizando aproximadamente R$ 1,46 milhão.
Os valores estariam relacionados a um suposto esquema de favorecimento à empresa Serrana em processos licitatórios realizados entre 2017 e 2020, período em que ele esteve à frente da administração municipal.A denúncia aponta que os repasses teriam ocorrido como contrapartida por benefícios concedidos à empresa em contratos firmados com o poder público.
Ao analisar o caso, o TJSC entendeu que há indícios suficientes para a continuidade da ação penal, motivo pelo qual decidiu pelo recebimento da denúncia.Com a decisão, Júlio César Ronconi passa oficialmente à condição de réu, e o processo segue agora para as próximas fases na Justiça, quando as partes poderão apresentar provas e manifestações ao longo da ação penal.
A equipe do Jornal Perfil Multi entrou em contato com o ex-prefeito Júlio Ronconi por meio de mensagem, buscando seu posicionamento sobre o assunto. Júlio respondeu que dará sua resposta em nota mais tarde.
Júlio é defendido pelos advogados Jorge Henrique Goulart Schaefer Martins e Bernardo Lajus dos Santos, ambos de Florianópolis. Em nota oficial, a defesa ressaltou a inocência do ex-prefeito de Rio Negrinho e afirmou que o recebimento da denúncia representa apenas uma avaliação preliminar do caso, sem análise aprofundada do mérito.Segundo os advogados, a decisão foi recebida com tranquilidade e confiança no funcionamento regular das instituições.
A defesa acredita que, no decorrer da instrução processual, ficará comprovada a inexistência de responsabilidade penal, resultando no reconhecimento da inocência do acusado ao final do processo.A Operação Mensageiro teve início em dezembro de 2022 e é conduzida pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio do Grupo Especial Anticorrupção (GEAC) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), com apoio da Polícia Científica.
Ao longo de suas cinco fases, a operação resultou na prisão de 17 prefeitos e ex-prefeitos, além de empresários, incluindo o proprietário da empresa Serrana — que posteriormente passou a se chamar Versa Engenharia — e funcionários ligados à companhia.De acordo com as autoridades, a Operação Mensageiro é considerada o maior escândalo de corrupção já registrado no poder público de Santa Catarina.Outros políticos também viraram réus nesta quinta-feira (18)Além de Ronconi, outros ex-prefeitos tiveram denúncias recebidas pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina nesta quinta-feira.Adriano Poffo, ex-prefeito de Ibirama, eleito pelo MDB em 2016 e reeleito em 2020, é acusado de receber R$ 2,5 mil mensais entre 2017 e 2019.
Os pagamentos teriam sido intermediados pelo chamado “mensageiro” responsável pela distribuição das propinas aos prefeitos. A denúncia foi aceita integralmente, com rejeição de todos os argumentos apresentados pela defesa. Em 2023, ele chegou a ser preso preventivamente em razão da operação.Antônio Ceron, ex-prefeito de Lages, eleito em 2016 e 2020 pelo PSD, teve reconhecidos indícios de fraude em três processos licitatórios, envolvendo direcionamento de editais e favorecimento de empresas ligadas ao grupo Serrana. As teses defensivas foram rejeitadas, porém o tribunal entendeu que, no caso da Concorrência Pública nº 03/2020, o prazo para aplicação de punição já havia expirado, motivo pelo qual a denúncia não foi recebida de forma integral.
Assim como outros investigados, Ceron também foi preso preventivamente em 2023.José Thomé, ex-prefeito de Rio do Sul, eleito em 2016 pelo PSDB e em 2020 pelo PSD, é acusado de fraudar contratos por meio de superfaturamento, manipulação de licitações e adoção do mesmo esquema identificado na Operação Mensageiro. Por decisão unânime da 5ª Câmara Criminal, a denúncia foi recebida integralmente. Em agosto de 2025, Thomé foi alvo de mandado de busca e apreensão cumprido pelo GAECO.Prefeito de Imaruí é condenado, mas segue no cargoNa mesma data, o prefeito de Imaruí, Patrick Corrêa (Republicanos), foi condenado a 22 anos e 10 meses de prisão por crimes relacionados à Operação Mensageiro.
A sentença fixou 19 anos, quatro meses e cinco dias de reclusão em regime inicial fechado, além de três anos e seis meses de detenção em regime semiaberto. Também foi determinada a aplicação de multa no valor de R$ 4,9 mil e a perda de R$ 150 mil em favor do Estado.A decisão ainda prevê a perda do cargo público, mas Corrêa poderá permanecer na função enquanto o processo não transitar em julgado, já que ainda cabe recurso. A defesa informou que pretende recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e declarou confiança em uma nova análise do caso.
Com informações NSC Total