A entrevistada da semana é Otilia Marlene Pscheidt, hoje com 74 anos, ainda muito ativa, mas que devido à pandemia teve que se afastar do que ela mais gostava de fazer: cuidar das pessoas.
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Por 48 anos ela trabalhou na Fundação Hospitalar, começando em 1974 na área da cozinha. Mais tarde ela passou a ajudar na limpeza da ala da maternidade e quando viu já estava ajudando nos partos para trazer centenas de crianças ao mundo.
Mesmo aposentada ela trabalhou por vários anos no Hospital, mas quando veio a pandemia teve que se afastar, pela idade, por questões de segurança. Hoje, em casa, ela sente falta do trabalho, mas nesta semana teve uma alegria ao participar da inauguração da obra de revitalização do prédio do antigo Hospital. E assim pode recordar bons momentos da sua estória com algumas amigas e colegas que também estavam lá.
PERFIL- Quando a senhora entrou para trabalhar no hospital como eram as coisas naquela época?
OTILIA – Muito diferente do que hoje em dia. A maioria das pessoas trabalhava em diversos setores. Eu entrei para trabalhar na cozinha, mais tarde fui ajudar na maternidade, trabalhava como uma parteira. Mas no começo eu ajudava na limpeza e na organização. Com o passar do tempo já estava ajudando a trazer crianças ao mundo.
Tudo era tão bom: a gente trabalhava com amor e dedicação, isso em 1974, quando ainda as enfermeiras e uma parteira faziam os partos. Como a gente trabalhava em vários setores, eu comecei a aprender a aplicar injeção, fazer curativos, cuidar dos doentes e quando vi estava como auxiliar de enfermagem. Tenho muito carinho pela minha profissão, sinto falta do trabalho, mas precisamos entender que há um tempo para tudo. Mas era tão bom: fico feliz de ter podido trazer tantas crianças ao mundo.
PERFIL- Quando foi feita a mudança do Hospital para o prédio novo, a senhora sentiu diferença?
OTILIA – A gente sempre fica na expectativa da mudança, tudo foi acontecendo por etapas, cada setor indo para seu lugar. A construção ficou linda e muito aconchegante para os pacientes. Quando veio a notícia de que estávamos mudando para o prédio novo, a gente ficou com o coração dividido. Por um lado, havia a expectativa de trabalhar em um lugar mais moderno, com mais recursos e espaço. Por outro lado, era difícil deixar o prédio antigo, que guardou tantas histórias e momentos importantes para todos nós.
Hoje, vendo o prédio antigo revitalizado e transformado no Núcleo Municipal de Educação, isso me emociona ao perceber que, mais uma vez, o espaço continua a servir à comunidade, agora como um centro de aprendizado e crescimento. É bonito ver que ele ainda está vivo, de outra forma, mas com a mesma essência de ajudar as pessoas. E claro que as mudanças são necessárias: quando fomos para prédio novo tudo era muito bom, passei a trabalhar em vários setores, conheci e aprendi muito com todas as pessoas.
Só tenho que agradecer, fica um legado para a vida da gente. Tudo foi feito na base da união. Cada um de nós ajudou um pouco, carregando materiais, organizando equipamentos e preparando o novo espaço para receber os pacientes. Era cansativo, mas a gente fazia com alegria, porque sabia que era para o bem da comunidade.
PERFIL- Dona Otilia, qual aprendizado de trabalhar em um hospital?
OTILIA – Trabalhar em um hospital me ensinou muitas coisas, mas a principal foi valorizar a vida e as pessoas. Cada dia era diferente, cheio de desafios e, ao mesmo tempo, de momentos que mostravam como pequenos gestos podem fazer a diferença. Aprender que, muitas vezes, um sorriso, uma palavra de conforto ou simplesmente estar presente pode ser tão importante quanto um remédio.
A gente lida com pessoas em momentos de fragilidade. No hospital, não apenas cuidei de outras pessoas, mas cresci como ser humano. Aprendi habilidades que nunca imaginei, desde cuidar de recém-nascidos até aplicar injeções e fazer curativos. Cada tarefa vem como aprendizado. Trabalhar no hospital me fez perceber como devemos ser gratos pela saúde e pelas pessoas que nos cercam. Aprendi que, mesmo nos dias mais difíceis, há algo bom que acontece em algum momento.
Enfrentamos momentos difíceis, como perder pacientes ou lidar com situações complicadas, mas cada dia me ensinava a ser mais forte e a valorizar as pequenas vitórias, como um sorriso de gratidão ou a recuperação. Mais do que um trabalho, foi uma experiência de vida que transformou quem eu sou. E por isso, serei eternamente grata.
PERFIL- Como é para senhora ver este prédio revitalizado e agora podendo ser usado para a educação e cursos?
OTILIA – Trabalhei por tantos anos neste lugar, e esse prédio guarda muitas histórias e memórias. Ver ele revitalizado, cheio de vida novamente, e agora sendo usado para educação e cursos, me deixa emocionada. Saber que um lugar que já serviu tanto à saúde agora está contribuindo para o aprendizado e o crescimento das pessoas é algo muito especial. É como dar uma nova missão para algo que sempre foi importante para o nosso próximo. Saber que as futuras gerações terão um espaço assim para aprender e crescer é uma emoção sem igual.
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