A Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural abriu espaço na reunião desta manhã de quarta-feira (6), realizada em Mafra, para a participação de lideranças regionais do setor do agronegócio do Planalto Norte.

Pautas como a importância da ovinocultura para o cenário local, a simplificação para a exploração de cascalheiras destinadas à manutenção das estradas rurais e o fortalecimento do agronegócio na região centraram o debate do encontro.

Para o presidente da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural, deputado Altair Silva (PP), a importância de abrir espaço para as lideranças locais catarinenses é fundamental. “Servem de orientação para construirmos políticas públicas para o setor”, destacou.

Capital Catarinense da Ovelha

Coordenador da Festa Nacional da Ovelha de Campo Alegre, o vereador João Nilson Venera destacou o “boom” do setor da ovinocultura na região e reforçou o título do município de Capital Catarinense da Ovelha. “A ovelha possui grande importância econômica e cultural para a região de Campo Alegre. Hoje são 50 produtores responsáveis pela produção de três mil ovelhas em Campo Alegre”, enfatizou.

Para ele, o dia de hoje é uma oportunidade ímpar para falar a respeito do crescimento do setor. “Temos certeza que a partir desse momento, a Alesc terá uma outra visão a respeito da ovinocultura”, disse destacando que é necessário fortalecer a cadeia local para atender a crescente demanda.

Entre os desafios para fortalecer o setor, citou o mapeamento dos produtores locais e um programa para o melhoramento genético dos animais para a inserção no mercado nacional. “Ações como a Festa da Ovelha foram um marco importante para alavancar o setor”, observou. Para ele, um desafio urgente é a criação de abatedouro específico para a ovinocultura. “Há ausência de incentivos e de crédito direcionado”, disse. Ele ainda comentou que existe a ideia de criar um selo específico padrão de qualidade. “Faltam cases de negócios para atrair ainda mais produtores para o setor”, disse.

A criação de ovinos é uma tradição no município desde a colonização européia e contribui para a produção de carne, lã, leite e couro, impulsionando a economia local e a identidade cultural da cidade. A ovinocultura em Campo Alegre desempenha um papel multifacetado, envolvendo aspectos econômicos, culturais e turísticos, com destaque para a produção de carne de cordeiro, lã e o desenvolvimento da tradição local. Em 2024, Santa Catarina registrou um aumento de 35,7% nos abates de cordeiros, consolidando-se como um polo importante da atividade no Brasil. O município de Iomerê, no Meio Oeste catarinense, lidera a produção, enviando o maior número de cordeiros para abate.

Agronegócio na região

O Planalto Norte está em franca expansão no setor do agronegócio. A afirmação foi representante da Cooperalfa, Edson Carlos Barb, que falou a respeito da importância do agronegócio no Planalto Norte e da atuação da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), uma cooperativa agropecuária com grande importância no cenário brasileiro, especialmente no Sul do país e que desempenha um papel fundamental na economia local e na vida dos seus associados, através da comercialização, industrialização e armazenagem da produção agrícola, além de oferecer suporte técnico e programas de desenvolvimento. A cooperativa também se destaca por suas ações de sustentabilidade e pela geração de empregos e renda na região.

Ele informou o potencial agrário da região e apresentou números que atestam esse crescimento. A Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), maior cooperativa agropecuária singular de Santa Catarina, conquistou a 7ª posição entre as 20 maiores cooperativas do Brasil na 51ª Edição do Prêmio Melhores e Maiores, da Revista Exame. No ranking, as cooperativas foram a modalidade com o melhor desempenho anual em ativos. Em 2023, a Cooperalfa registrou uma receita de R$ 8,72 bilhões. A sobra de balanço teve um crescimento de 12,12% em relação a 2022, atingindo R$ 326,4 milhões, quase 4% da receita líquida. Atualmente, a cooperativa conta com 22.907 associados e 4.260 colaboradores. Na Regional Canoinhas, a Cooperalfa destinou em 2024 R$ 6,9 milhões a 373 associados. Entre os pleitos, ele citou que o Planalto Norte necessita urgente de investimentos na malha viária, em telefonia rural e de segurança jurídica.

Desburocratização para exploração de cascalheiras

Outro destaque foi a fala do vice-prefeito de Papanduva, Cleiton Alves Martins, que tratou da necessidade da facilitação e simplificação do acesso e da exploração de cascalheiras destinadas à manutenção das estradas rurais na região do Planalto Norte. Ele fez um pedido direto para o Parlamento que é um recado de todo o Planalto Norte: “Precisamos de desburocratização para o desenvolvimento rural e para isso precisamos de simplificação das licenças ambientais para a extração de cascalho em pedreiras nas municipais para fins de manutenção das estradas vicinais que cortam todos os municípios da região”, pontuou, destacando que é preciso ainda de segurança jurídica.

Nas manifestações dos parlamentares, o deputado Nilso Berlanda (PL) sugeriu que numa próxima reunião da comissão sejam convidados representantes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente para falar a respeito dos critérios de proibição das cascalheiras no estado. O deputado Volnei Weber (MDB) concordou, destacando que é importante ouvir essas demandas para o Parlamento buscar resolutividade junto ao governo. “Economia fortalecida, povo feliz. Precisamos de celeridade nas licenças emitidas pelos órgãos ambientais”, observou.

Já o deputado Marquito (Psol) sugeriu a realização de uma reunião conjunta entre as comissões de Agricultura e do Meio Ambiente para tratar do tema. O deputado Lunelli (MDB) disse que esse assunto é relevante e merece ser tratado de forma diferenciada. “Papanduva tem 1.600 mil quilômetros de estrada rurais e todo o estado tem características semelhantes. Temos que debater esse tema para buscar celeridade”, disse.

O presidente da Comissão, deputado Altair Silva, fez o encaminhamento e concordou com o deputado Marquito para agendar uma reunião conjunta entre Agricultura e Meio Ambiente, na Alesc, convidando representantes dos órgãos ambientais do Estado. “Temos que atender essa demanda que é de todos os municípios catarinenses”, reconheceu.