Francisco Cuoco, um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira, morreu aos 91 anos, nesta quinta-feira (19). O ator ficou conhecido pelos galãs e protagonistas de novelas como Pecado Capital, O Astro, Selva de Pedro e O Sétimo Sentido, entre dezenas de outros, e na última década fazia mais participações. Cuoco deixa três filhos, Tatiana, Rodrigo e Diogo, e netos.
Cuoco esteva internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, há cerca de 20 dias, e sofria complicações de saúde devido à idade. A causa de sua morte não foi informada, mas ele tratava um ferimento que infeccionou.
Paulista, Cuoco era filho de um imigrante italiano, o feirante Leopoldo, e da dona de casa Antonieta. O casal, que tinha ainda uma menina, Grácia, era muito humilde, e o ator trabalhava com o pai na feira durante o dia. À noite, estudava e tinha planos de se tornar advogado. O interesse pela interpretação veio ainda criança e via circos mambembes se instalarem no terro baldio em frente à casa da família, no bairro do Brás. Encantado pelo que via, o menino fazia pequenas encenações e sonhava com o mundo do cinema.
Cuoco pensava em estudar Direito, mas optou por fazer a Escola de Arte Dramática de São Paulo, onde ficou por quatro anos. Ele entrou para o Teatro Brasileiro de Comédia e no Teatro dos Sete, duas companhias importantes que foram fundamentais para o teatro brasileiro. No palco, ele fez Werneck, de O Beijo no Asfalto (1961), de Nelson Rodrigues. Premiado em 1964 como melhor ator coadjuvante na peça Boeing-boeing pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), Cuoco entrou na televisão no Grande Teatro Tupi, onde peças de prestígio eram apresentadas ao público da extinta TV Tupi.
Nesta época, entre 1960 e 1964, Cuoco foi casado com a atriz Carminha Brandão, 12 anos mais velha que ele. Em 66, se casou com Gina Rodrigues, mãe de seus filhos, em uma união que terminou amigavelmente em 1984 – de 2014 a 2017 se relacionou com a estilista Thaís Almeida, 53 anos mais nova. Gina acompanhou o auge da carreira do ator, que brilhou na TV: fez Marcados Pelo Amor (1964), Redenção (1966), Legião dos Esquecidos (1968), Assim na Terra Como no Céu (1970), seu primeiro trabalho na Globo, O Cafona (1971) e Selva de Pedra (1972).
No cinema, que era seu sonho quando ainda era feirante, Cuoco atuou menos. Esteve em Grande Sertão (1968), Traição (1998) e Gêmeas (1999), e trabalhou com Renato Aragão em Um Anjo Trapalhão (2000) e Didi – O Caçador de Tesouros (2006). Em 2005 fez Cafundó ao lado de Lázaro Ramos e em 2015 encerrou os trabalhos no teatro com Real Beleza (2015).