O entrevistado da semana é Juarez Garcia, músico há mais de 60 anos e que começou a “namorar as canções” quando tinha apenas 9 anos. A história é curiosa: o menino estava indo para a catequese para se preparar para a 1ª Comunhão.
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No caminho ele passava em frente a um bar e lá uma dupla tocava e cantava. A cada dia que passava por ali o encanto pela música ficava maior. Mais tarde, como não tinha dinheiro para comprar um instrumento, resolveu trocar a bicicleta por um violão (e veio junto uma espingarda).
Assim começa a história de Juarez com a música: ele chegou a ter seu próprio conjunto e tocou para milhares de pessoas ao longo dessas seis décadas. Agora, aos 71 anos, ele canta com a esposa Sueli. O casal posta vídeos nas redes sociais e se apresenta também em festas de família.
PERFIL – Como você começa a gostar de música?
JUAREZ – Bom, a minha história com a música começa quando eu ia para a catequese para fazer a 1ª comunhão, e no caminho eu passava em frente a um bar que tinha naquela época na Willy Jung, quando ainda nem era esse o nome da rua. Isso com 9 anos, e tinha uma dupla de irmãos Barbosa que tocava violão e viola. E comeceiba sonhar em ter um violão, mas eu não tinha dinheiro. Só que meu pai tinha me dado uma bicicleta para eu ir para escola. Então resolvi trocar a bicicleta por um violão e ainda levei junto uma espingarda. Lembro que o violão não tinha corda, eu comprei umas cordas na época na loja do “seu” Trajano, mas não sabia afinar o violão. Eu olhava os Barbosa fazer as notas musicais na viola deles, eu ia para casa fazer e não saia nada. Um dia, quando me afinaram o violão, saíram as notas, quase cai da cadeira. Porque saiu tudo o que eu estava imaginado fazer! Com 10 anos eu também era convidado para tocar pandeiro, e umas quatro ou cinco músicas que eu já sabia tocar no violão, em aniversários nas casas.
PERFIL – Como é que começa a história do Juarez com a Banda Os Temíveis?
JUAREZ – Em 1966 resolvemos juntar cinco jovens, e assim começam Os Temíveis. Passado um tempo, um dos componentes não pode mais tocar com a gente. Foi então que chamamos o Ilmar Cantuária para ocupar o lugar. Essa foi a banda até 1972, mas eu sai em 1969 e fui me aventurar por outros Estados. Morei em Curitiba por seis meses, quando participei de um coral, um dos melhores do Paraná, e foi ali que aprendi a cantar. Logo em seguida fui transferido para São Paulo, porque lá que queria viver o sonho da música. Em São Paulo toquei em várias bandas, aquela época era o auge da Jovem Guarda. Cantei no Programa Silvio Santos, não fui buzinado. Me apresentei no Almoço com as Estrelas do casal Airton e Lolita Rodrigues e fui fazendo um trabalho legal, isso foi até 1975. Daí fui para Itapetininga, lá fui campeão do Festival Venâncio Aires. E por essas coisas do destino sempre vinha visitar minha família, acabei namorando com uma moça e voltando para minha terra em 1978. Nesta volta toquei com algumas bandas da cidade, ganhei o festival centenário de Rio Negrinho, toquei no famoso programa do Mário Vendramel, e em 1981 fiz a minha banda Musical São Rio, que durou até os anos 2000.
PERFIL – Qual foi a maior dificuldade na época?
JUAREZ – Os instrumentos. Lembro que na época o professor Marcos Alberto von Bahten comprou financiados para a banda. Então nós tocávamos e não víamos o dinheiro, porque tínhamos que pagar os instrumentos. Levamos quatro anos para pagar. Isso foi complicado porque tocávamos sem ganhar. E foi quando terminamos de pagar que percebi que tinha ainda muito mais coisas para fazer na vida, havia muitos sonhos. E lembro com carinho da minha irmã Jane, que faleceu recentemente, ela cantava muito bem.
PERFIL – Como que surgiu a ideia de cantar com sua esposa?
JUAREZ – A pandemia mudou a vida de muitas pessoas, de certo modo até para melhor. Assim muitas passaram mais tempo em casa durante a quarentena, e com isso pensamos em fazer algo para animar estas pessoas. E surgiu então a ideia de cantar e tocar eu a Sueli. Tivemos alguns momentos juntos com minha saudosa irmã Jane e meu cunhado Luimar, também já falecido, ficaram lindas lembranças em vídeos que gravamos juntos. Foi assim que começaram a surgir os vídeos, gravamos e colocamos no Facebook, com um repertório de músicas sertanejas raiz ou flashbacks, uma recordação de canções que fizeram sucesso no passado. Nossa vida é cercada de lembranças, passa um filme em nossa memória quando o assunto é música. Os vídeos representam um pouco do que somos e o amor que temos pela música. Foi tudo amador, não temos conhecimento destas tecnologias, os primeiros vídeos se tornaram engraçados porque ainda não sabíamos bem como fazer. Com o passar do tempo ficamos mais experientes e agora está bem melhor. O que nos deixa feliz é a interação das pessoas, que nos parabenizam e pedem músicas.
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